Futebol argentino e corrupção: jornalista comenta momento no país
Torcida argentina assiste a final da Copa do Mundo 2014 no Brasil. |
A Argentina, assim como o Brasil, é um país que revela grandes craques para o mundo do futebol como Daniel Passarella, Di Stéfano, Maradona, Batistuta, Messi e outros. Porém, nos últimos anos o futebol local e a AFA (Asociación del Fútbol Argentino) estão passando por diversos problemas internos. Assim como o futebol brasileiro, a caminhada é realizada a passos lentos para tentar reverter os estragos já feitos e sair de um cenário de corrupção. Em entrevista exclusiva ao Camisa Vinte e Um, o jornalista Juan Pablo Mendez, do Diário Olé, da Argentina comentou sobre o futebol local, a seleção, a corrupção na AFA e também sobre Lionel Messi.
Camisa Vinte e Um: Alguns
técnicos argentinos estão se destacando no cenário mundial como, por exemplo, Jorge
Sampaoli e Diego Simeone. Como funciona o processo de formação dos técnicos?
Juan Pablo Mendez: Simeone e Sampaoli são casos
diferentes. 'El Cholo' foi um jogador com história, com três mundiais. Sempre
teve muita personalidade e responsabilidade e a passa como treinador. Sampaoli
não foi um jogador importante, mas sempre teve muita paixão pelo coaching, iniciou em equipes menores e foi subindo de patamar com base em seu
trabalho. Uma das características dos técnicos argentinos que vão para o
exterior são a responsabilidade e a personalidade, que é algo básico na
Argentina porque, por muitas vezes, os jogadores são complicados.
C21: A AFA
assim como a CBF vive um momento de corrupção e problemas administrativos. Como
isso afeta o cenário do futebol nacional? E também da seleção?
JPM: Com certeza afetou, porque a
AFA ficou sem dinheiro, não pôde pagar aos clubes e o torneio local não se iniciou a tempo. Há argentinos envolvidos no FIFAGATE: Meizsner, Deluca, os Jinkis...
Grondona já havia falecido quando isso ocorreu. A seleção foi afetada no
sentido em que a crise interna tirou Martino, que se foi entre outros motivos,
por lhe deverem dinheiro. Também por não cederem jogadores para os Jogos Olímpicos
do Rio.
C21: Com a
saída de Edgardo Bauza, é necessária uma renovação assim como acontece com Tite
e a seleção brasileira?
JPM: A renovação já está resolvida.
Bauza não apostava na posse de bola e na pressão sobre a saída do rival.
Sampaoli tem esse estilo.
C21: Vice-campeã
da Copa do Mundo e das duas Copas Américas, a seleção argentina carrega um peso
por ‘bater na trave’ mesmo sendo recheada por craques. O que falta para chegar
ao tão sonhado título?
JPM: As três finais perdidas foram
falta de sorte, porque a Argentina teve chances de ganhá-las. Isso gerou uma
pressão sobre os jogadores, já que quase não houve renovação de Sabella a
Martino e de Martino a Bauza. Até Messi pensou em não jogar mais depois da
derrota contra o Chile, em 2016. Hoje, os jogadores em alguns casos não são os
mesmos. Por exemplo, Mascherano baixou o nível pela Seleção.
C21: Você
acredita que a pressão em cima de Messi vestindo a camisa da seleção é
prejudicial? Ou é apenas uma consequência por ser um dos melhores jogadores do
mundo?
JPM: Messi pode sentir a pressão,
mas o que mais sente falta é jogar pela Argentina sem a mesma qualidade de jogadores
que está acostumado a jogar no Barcelona, anteriormente com Xavi e hoje com
Suárez e Neymar. De qualquer forma, hoje, Brasil e Alemanha são claramente
superiores à Argentina. E não vai ser fácil conseguir a classificação para o
Mundial, porque o último jogo é contra o Equador, onde é difícil jogar devido à
altitude.
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